terça-feira, 29 de novembro de 2011

PROJETO DE INTERIORES: ÁREA EXTERNA DO BAR - ASSOCIAÇÃO ATLÉTICA BANCO DO BRASIL

INTRODUÇÃO AO PROJETO

Acoplada ao ginásio de esportes, a nova sede da Associação Atlética Banco do Brasil se localiza no coração do clube. Com uma privilegiada vista para a piscina, é naturalmente ornamentada por várias espécies de plantas como árvores e arbustos. Devido à paisagem arquitetônica desenvolvida no local, está no centro da atenção sendo passagem quase obrigatória para qualquer destino dentro do clube.
A fim de capturar o máximo da beleza existente no local, foi projetado um significativo espaço externo, para o qual se desenvolveu o presente projeto.
A solicitação é voltar este espaço para o público jovem associado ao clube, uma vez que este é o público em ascensão no interior do quadro atual de sócios.
O intuito é que a nova sede se torne mais uma opção de lazer para este nicho, fazendo com que estes freqüentem o clube em horários distintos aos já freqüentados que em resumo concentram-se nos horários de atividades físicas propostas pelo clube.
Segundo os diretores de esporte, eventos e o presidente da associação, há reclamações de sócios referentes a atividades noturnas no clube.
“Esporadicamente, são promovidos eventos no salão social e no entorno da piscina. Tais eventos são muito bem vistos por todos os associados, jovens ou não, que prestigiam e assim colaboram para a vida social do clube. Não se visa lucro com a freqüente rotatividade de público, embora isso possa ser considerada conseqüência.” (Eduardo Silva – Presidente AABB Limeira)

Segundo dados financeiros do clube, o lucro obtido através das mensalidades dos sócios cobre apenas despesas com funcionários dentre outros gastos mensais. Para a construção da nova sede, assim como a elaboração e execução do projeto de interiores, a AABB Limeira contou com a ajuda de custo da FENAB (Federação das AABB), “uma entidade assistencial, desportiva, cultural, artística, consultiva e sem fins lucrativos responsável por gerir o Sistema AABB (...) As atividades são desenvolvidas por meio de políticas, diretrizes e ações voltadas para a melhoria da qualidade de vida dos associados, bem como sua integração com o Banco do Brasil e com a comunidade.”(www.fenabb.org.br). Desta forma, uma das principais preocupações quanto a elaboração do projeto é o emprego de materiais simples, que se adaptem aos já existentes, à arquitetura local, ao conceito, idéias e condições propostas, aos possíveis impactos causados pela total exposição a chuva, sol e intensa circulação mas que possuam o menor custo possível.


ESTUDOS DE CASO

Restaurante A Figueira Rubaiyat:

O restaurante é administrado pela família Iglesias. Assim, a proposta é oferecer aos clientes um ambiente amplo, sofisticado e, sobretudo familiar.
O arquiteto Fernando Iglesias, filho do proprietário do restaurante, não se limitou a implementar apenas materiais que supostamente seriam mais condizentes pelo fato do restaurante ser projetado a partir da figueira (composta obviamente de madeira). Ao contrário, o arquiteto trabalhou com outros tipos de materiais como aço para o teto e o mobiliário.
Observa-se também que o arquiteto complementou o projeto com um belo trabalho paisagístico. Sutil e delicado, os jardins não “roubam a cena” da figueira e sim destacam- na ainda mais por contrastar sua forma robusta com a delicadeza dos elementos utilizados.

Chef Rouge Restaurant:

A proposta é oferecer aos clientes um espaço especial, totalmente sofisticado e único. Neste caso, o arquiteto responsável pelo projeto, preocupou-se em harmonizar os mobiliários com a presença das seringueiras: os móveis de apoio são confeccionados em madeira e as mesas e cadeiras em bambu. Há ainda dois pontos que observo, um deles é que apesar da miscelânea de materiais ornamentais, o foco principal sempre é a cor vermelha. Esta se encontra em grandes proporções, como o caso das paredes e do toldo da entrada, mas também em sutis detalhes, como, o arremate das almofadas, as unhas da estátua presente no espaço, um arranjo de flor, etc.


Bar da Fonte:

Situado em Monte Alegre do Sul – SP, o espaço Da Fonte dos proprietários Dada Macedo e Marcos Kaloy abriga o Atelier da Fonte, espaço destinado à arte e o Bar da Fonte, destinado ao entretenimento. Segundo Kaloy:
“A filosofia do Bar da Fonte é reunir os amigos para um bate-papo descontraído, beber e petiscar, ouvindo música ao vivo de qualidade.” (Kaloy, 2011)

O Bar da Fonte é um ambiente fantástico. Charmoso, elegante, excelente ornamentação criada por Dada Macedo. Dois pontos me chamaram muita atenção neste projeto que tive o prazer de conhecer pessoalmente: a cumplicidade na utilização de vários tipos (matérias/formas/décadas) de materiais tanto de acabamento quanto de ornamentação e o fato de existir uma imensa árvore no centro do espaço Da Fonte que não apenas embeleza muito como praticamente serve como divisão dos segmentos: Atelier e Bar.


Exposição “Pedras Portuguesas” por Bruno Veiga:

O fotógrafo Bruno Veiga realizou durante o Fashion Rio Verão 2011 a exposição “Pedras Portuguesas”. Tratava-se das imagens aéreas de calçadões feitos de pedras portuguesas no Rio de Janeiro. Através das imagens é possível perceber que a paginação dos calçadões segue o movimento humano e, sobretudo do mar, como é o caso do clássico calçadão de Copacabana, projetado por Roberto Burle Marx, que segue o paralelismo às ondas do mar.
O que mais chama a atenção nesta exposição são o tema abordado e o local de exposição. Minha opinião é que o autor caracteriza os calçadões como as “vestimentas” da cidade, uma vez que estes são famosos por simbolizar e dar elegância as ruas do Rio de Janeiro. A escolha deste estudo de caso se deu pelo fato do olhar humano do artista aos espaços desenvolvidos para o convívio social.

Esculturas de Ron Mueck:
Ron Mueck é um escultor australiano que utiliza efeitos especiais para criar obras de arte incrivelmente realistas. O escultor “brinca” com a escala das esculturas, embora o talento do artista seja indiscutível, talvez Mueck não tivesse conquistado fama internacional se não houvesse integrado sua fascinante arte com escalas até cinco vezes maiores ao objeto real. A escolha deste estudo de caso se dá ao fato de que estando bem próximo do objeto, o que impressiona é sem dúvida a realidade e os detalhes da escultura, mas o primeiro impacto continua sendo referente à escala do objeto. A reação das pessoas quando estas se deparam com as obras do escultor fez com que surgissem idéias para a elaboração da paginação de piso, uma vez que a idéia inicial não foi aceita. Tais estudos para paginação de piso serão detalhados neste projeto.


CLIENTE - AABB LIMEIRA

A Associação Atlética Banco do Brasil (AABB), foi fundada em 1961. O intuito era oferecer lazer aos funcionários e os seus familiares. Com o tempo, passou a receber também clientes das agencias do Banco do Brasil a fim de aproximar os clientes. Em 1979 a associação foi aberta para toda comunidade.
A AABB Limeira possui 64.800 m² de área, e tem como grande preocupação, além do convívio e integração dos sócios, a preservação da natureza e a prática de atividades físicas.O clube oferece várias opções de lazer como:
-01 Campo de Futebol com dimensões oficiais;
-02 Campos de Futebol Society;
-05 Quadras de Tênis (Saibro);
-Quadra poliesportiva (Futebol de Salão, Basquete, Vôlei e Handebol);
-Quadra de Vôlei de Areia;
-Sauna feminina e masculina;
-Quiosques com churrasqueiras (inclusive com aluguel para festas) e com estacionamento;
-Piscina semi-olímpica (25 mts);
-Piscina Infantil;
-Academia de Musculação com equipamentos novos e de alta qualidade e Avaliação Física;
-Salão Social para Aluguel de Eventos (Festas, Casamentos, com capacidade para até 250 convidados);
- Play-Ground;
- Bar e Lanchonete;


CONCEITO


Na elaboração de um projeto de interiores, julga-se ser o conceito indispensável, pois este visa ser a base para o processo criativo do projeto como um todo. O briefing aplicado ao cliente proporciona além de um maior entendimento das necessidades do espaço, a concentração dos ideais do cliente bem como, muitas vezes, a personalidade que este desenvolveu ao longo de sua vida. Relacionando os fatos, e observando o espaço de intervenção, destacam-se dois pontos muito fortes que, por ventura, se fundem em uma proposta objetiva e clara. É sabido que há no espaço uma grande e robusta mangueira, que embora não dê frutos, floresce e segue saudável atingindo um patamar de destaque no cenário onde se encontra. Desta forma é solicitado pela diretoria do clube que esta permaneça intacta, tornando-se o foco central do projeto. O fato de se ter uma árvore no contexto do espaço de intervenção e ser uma das propostas do clube priorizar a natureza não apenas como beleza natural, mas também proporcionar um ambiente mais saudável dentro de uma cidade que hoje atinge altos níveis de poluição do ar, sem dúvida a torna o primeiro forte ponto a ser mencionado.
O segundo ponto é o interesse da diretoria da AABB (Associação Atlética Banco do Brasil), em integrar os antigos sócios do clube com os mais recentes. Segundo eles, existe certa rivalidade entre os dois nichos, pois os mais antigos não concordam que hoje qualquer pessoa possa associar-se ao clube e não apenas funcionários do Banco do Brasil, como antigamente, e o comportamento dos associados mais jovens que visam agito, sejam nos jogos esportivos, em eventos ou em simples convivência social. Em contrapartida, os mais jovens também discordam do comportamento dos mais velhos, uma vez que para eles o clube serve apenas para um entretenimento familiar dispensando assim qualquer atividade extra, onde se incluem festividades noturnas. Para “equilibrar a balança”, a solicitação dos membros da diretoria é conseguir conciliar os dois lados da discussão em questão com a elaboração de um projeto de interiores fundado na integração entre o novo e o antigo.
Para o presente projeto do espaço externo do bar da Associação Atlética Banco do Brasil solicitou-se, ainda, que este atinja principalmente o nicho de sócios mais jovens, mas que não exclua os adeptos das atividades que serão desenvolvidas neste local.
Mesclando todas as informações adquiridas, as concentro no conceito “árvore”. Busco neste conceito não a forma física da matéria, mesmo porque, neste caso, tal forma já existe no local, mas sim o pensamento estrutural do ser onde o tronco como elemento mais antigo da árvore, sustenta novos galhos, folhas e flores que por sua vez suprem certas necessidades da parte mais velha da planta oferecendo-a vida através de beleza e nutrientes fundamentais para a existência do todo. Desta forma, demonstro a importância da utilização de elementos mais antigos em novas tendências e as implemento no projeto através da utilização da pedra portuguesa como revestimento para o piso com uma proposta de paginação mais inovadora e despojada.




DESENVOLVIMENTO DO PROJETO

A partir do momento que o conceito foi definido, cabia para a próxima etapa do desenvolvimento do projeto a implementação do conceito no contexto físico do espaço. Bem se sabe que a materialização do conceito independe de forma e/ou textura. Partindo da necessidade de integração entre os associados e a utilização de materiais duradouros e de custo relativamente baixo, e ao fato da necessidade urgente da realização da paginação de piso para a área, busquei estudos que envolvessem possíveis tipos de materiais. A princípio, foi proposta a realização de um deck com madeiras, mas esta proposta não foi bem aceita devido ao fato do clube não disponibilizar mão de obra para a manutenção de tal material. A diretoria da AABB me solicitou então que realizasse um orçamento com as placas cerâmicas que são imitações de toras de madeira, como já imaginado, essa proposta foi ainda menos aceita que a anterior, uma vez que este material tem custo elevado. Sugeri então a utilização das pedras portuguesas, uma vez que este é um material relativamente barato, que se harmonizaria com os demais elementos já existentes no entorno, e principalmente pelo fato de materializar meu conceito, uma vez que este é um material de décadas passadas, mas que se adéqua a elementos contemporâneos, bem como sua utilização, uma vez que pela distribuição do material, o espaço pode tornar-se formal ou casual, como é o caso, por exemplo, dos calçadões projetados por Burle Marx no Rio de Janeiro que receberam uma paginação despojada, caracterizando-se com a cidade.
A pedra portuguesa é um elemento mais antigo, tendo surgido em meados do século XIX. É considerado muito resistente quando bem aplicado, tanto que é recomendada para a pavimentação de passeios e áreas de grande circulação.
No Brasil, sempre que pensamos em pedra portuguesa nos lembramos do Calçadão da Praia de Copacabana – Rio de Janeiro, entre tantas outras áreas públicas da cidade, como foi retratado através do fotógrafo Bruno Veiga(item 3.4 ESTUDO DE CASO 4: Exposição “Pedras Portuguesas” por Bruno Veiga – pag.12).
Por mais que o material a ser utilizado na pavimentação da área externa do bar estivesse definido, ainda buscava uma paginação que remetesse ao lado jovem e despojado dos sócios que freqüentam o clube AABB.
Certo dia, no local de intervenção, observei várias folhas caídas no chão. Estas, leves e independentes, caíam aleatórias e livres, “desenhando” um cenário natural e orgânico. Passei então a imaginar algo que pudesse transmitir essa sensação tão agradável que senti naquele instante, foi quando, em minhas buscas por referências, conheci o trabalho de Ron Mueck. Como já mencionado anteriormente, o escultor “brinca” com a escala das esculturas e é exatamente isso que causa o primeiro e, sendo o primeiro, considero o principal impacto aos sentidos que quem vê. Seguindo esta linha de pensamento, elaborei uma paginação de piso irreverente juntando as duas situações acima, onde folhas em grande escala, dão o ar despojado, esperado ao ambiente.


LEVANTAMENTO ARQUITETÔNICO





LAYOUT

O layout foi proposto baseado no estudo de caso 3. Fez-se uso da mangueira para dividir dois tipos de nichos de mesas: de um lado se concentram 4 jogos de bistrô que têm a função de servir, principalmente, aos que apenas irão beber ou petiscar; o outro lado foi designado a jogos de mesas com 4 lugares para aqueles que permanecerão por mais tempo no local, demandando assim, um maior conforto.


PAGINAÇÃO DE PISO

Para elaboração dos desenhos das folhas no piso é preciso confeccionar um molde ao qual serão empregadas as pedras de cores distintas às demais. Tais desenhos terão as dimensões 2,5m X 0,73m e serão dispostos a olho, concentrados em maior proporção perto da mangueira



A primeira consideração a ser analisada após a elaboração do piso foi a necessidade da criação de um parapeito no local. A preocupação é que o associado não enxergue que há um desnível no piso e sofra uma queda. Tal preocupação se dá principalmente pelo fato da circulação constante de crianças e idosos, levando em consideração que afinal de contas trata-se de um clube.
Analisando o entorno da área externa do bar é possível observar a piscina, a quadra de areia e a academia, dentre outros elementos. O material indicado para servir de parapeito foi o cabo de aço. A escolha deste elemento se deu ao fato dele ser compatível aos demais elementos do local, e pelo fato de ser um material barato, e um dos diretores do clube ter ligação direta com o fornecer do material, tornando assim ainda mais econômico para a AABB. Os cabos serão fixados em colunas confeccionadas de tijolos aparentes – mesmo material utilizado no interior do bar.

ESTUDO CROMÁTICO

O estudo cromático se baseou nas cores que representam a Associação Atlética Banco do Brasil bem como o próprio Banco do Brasil.Desta forma, definiu-se trabalhar com as matizes azul e amarelo, que ocupam posições opostas no circulo cromático, e os tons neutros preto e branco.
Apesar do fato dos logos serem elaborados com as matizes puras, houve a preocupação em não deixar o ambiente visualmente carregado, acarretando assim em uma permanência menor dos indivíduos no espaço. Como a idéia era criar um ambiente mais noturno e, portanto mais sombrio, fez-se o uso das mesmas cores, porém com matizes mais acinzentadas.Notou-se porém, que a distribuição quanto a proporção no uso de tais cores, não estava condizente com a idéias proposta, pois, segundo a diretoria do clube, o ambiente deveria ser o quanto mais neutro possível, eliminando assim , possíveis descontentamento por parte dos associados.Desta forma, a proposta seria trabalhar mais os tons neutros, utilizando as matizes apenas em alguns detalhes.

Porém, é do conhecimento que o cliente não faz questão de utilizar as cores da associação e do Banco do Brasil, ao contrário, deixou claro em entrevista, através de sua resposta e de sua expressão facial que tais cores não precisariam aparecer, pensando nisto, se desenvolveu um segundo estudo cromático, baseado nas cores e tons de materiais antes propostos, bem como no significado referente a elas.
Para a elaboração do segundo estudo cromático, listei cores existentes do entorno bem como na própria área de intervenção. Tais cores apresentam-se implementadas em materiais antes sugeridos bem como na parte interna do bar, que deve ser levada em consideração para melhor harmonia entre os espaços, e não menos importante, afinal é o foco principal do projeto, a existência da árvore no local.
Assim, destacam-se as matizes verde, existentes na árvore e na vegetação do entorno do espaço, laranja-avermelhado, existente na utilização nos tijolos das colunas, e na parte interna do bar, e o amarelo-alaranjado, existente nas pedras que compõem o piso.
A utilização das três cores se enquadra em uma harmonia análoga, por serem, as matizes, vizinhas no círculo cromático e terem a cor amarela como base.
Além das matizes citadas, faz-se também o uso de tons neutros com a intenção de justamente neutralizar o ambiente, apesar do uso das matizes.
Os tons neutros escolhidos são o bege, com pigmento marrom, o qual faz menção à madeira existente na copa da árvore bem como no mobiliário, e o branco, que por se tratar da união de todas as cores, harmoniza-se com qualquer que seja a matiz.
Existe ainda a preocupação quanto à proporção das cores a serem utilizadas. A quantidade da matiz verde não pode ser alterada,uma vez que esta se dá naturalmente. A proporção da cor amarelo-alaranjado, é consideravelmente elevado devido ao fato desta cor ser caracterizada pelas pedras existentes em toda a área do piso. Maior ainda é a quantidade da cor bege amarronzada, por esta ser caracterizada pela cor da tinta empregada na parede externa do bar, em proporção menor as citadas estão a cor branca, empregada nos guarda-sol, e ainda em menor proporção, a matiz vermelho-alaranjado, empregada nos futons existentes nos bancos ao pé da mangueira.

IMAGENS RENDERIZADAS DA MAQUETE ELETRÔNICA